Parece que esta é uma questão que aflige as pessoas que buscam análise. Em uma conversa com amigos analistas, foi colocado a indagação das pessoas quando ligam procurando análise frente ao motivo de não se dizer o preço por telefone. Com isso, me suscitou a tentativa de explicar a razão do porquê não dizemos o valor, da qual farei a partir de minha leitura psicanalítica.
Um ponto a ser enfatizado é a leitura que cada linha de pensamento tem sobre o dinheiro, ou seja, como é representado e/ou simbolizado a questão do dinheiro para a vertente teórica que o profissional segue. Há também como cada profissional vai lidar com sua prática e o olhar/a escuta que ele tem para com o outro.
Outro ponto que podemos levantar é a questão ética. Como podemos atribuir um valor – se é que devemos atribuí-lo – a uma demanda que ainda nem escutamos? Nesse caso a ética do profissional deve imperar e, nesse sentido, devemos compreender que para que se estabeleça um valor é necessário primeiro a escuta, a possibilidade do espaço de fala do sujeito frente a suas questões.
Temos a seguinte indagação hipotética: “Mas como eu vou num psicólogo sem saber o valor?”
Reafirmo sobre a questão ética e a diferença entre as linhas de pensamento; mas podemos refletir se tal questionamento já não traz consigo a dinâmica e angustia do sujeito frente ao seu sintoma, demarcando a complexidade desse desinvestimento econômico libidinal no sintoma para um investimento em outro objeto: o analista (Quinet, A). Em outras palavras, a dificuldade em se implicar em suas próprias questões.
Há alguns psicanalistas que cobram a primeira sessão, há outros que não, se quiserem uma direção frente a esse não saber o valor das sessões, lhes digo uma coisa: Ligue e vá.
Indico aos amigos de profissão a leitura de um capítulo chamado Capital e Libido do texto As 4+1 Condições da Análise de Antonio Quinet. Concluo com uma citação:
“Se o dinheiro serve para amoedar o capital da libido, o preço a ser pago para além do registro da necessidade não pode ser barateado. É só quando o preço é elevado para aquele sujeito que ele pode equivaler ao preço do sintoma, tendo cada analisante, portanto, o seu preço. O analista não pode ter um preço fixo para todo e qualquer um que venha bater à sua porta, pois isto seria situar sua práxis não no registro da libido, e sim no da prestação de serviços, não no registro da libido, mas no do time is Money”. (Quinet, A)