Curto, logo existo

Podemos pensar: o que não é o Facebook (e outras redes sociais) senão uma praça de reunião? Onde as serenatas feitas à frente de janelas foram substituídas por posts de “amor eterno” ou qualquer coisa do tipo. Quando a cada curtida (comentário, compartilhamento, etc), parece que algo se (a)firma, preenche, conforta, mas o quê?

“Por que você curtiu o post daquela pessoa?” “Por que você postou foto com aquela pessoa?” “Por que você não comenta/curti o que eu postei?”.

Provavelmente algum de vocês se identifique em um dos lados desse “joguete”. Qual é o apelo feito em tais indagações que comumente é visto em relatos de relacionamentos? Talvez os posts agora também substituam as cartas de antigamente ou as demonstrações de “amor” em público. Se no passado andar de mãos dadas e usar aliança era tal demonstração, hoje impera o “Tal pessoa está em relacionamento sério com tal pessoa”, e que todos saibam é claro, se não, não há valor algum.

Saindo um pouco da esfera de relacionamento amoroso; a necessidade de receber curtidas para se sentir bem (ou outros tantos adjetivos possíveis), o curtir seria agora o medidor de quanto você faz parte desse grupo, não é mesmo? Não importa com quem conversa, ou se conversa (tomando cuidado com a generalização), mas o que de fato importa é quando curtem o que postei, pois assim é validado, sinalizado, que sou alguém. Não um qualquer, mas um marcado com uma veia narcísica, que pede, que apela atenção.

Podemos dizer que as redes sociais dão uma nova roupagem às apresentações do sintoma, que por vezes é observado no “mundo exterior”.

Pois bem, então seriam as redes sociais essa “praça privada” que joga com as palavras e que o inconsciente faz uso, vezes para sublimação, vezes para sintoma? Quando algo no Facebook te incomoda: Por quê? Para quê?